E, quando éramos crianças, passávamos as tardes assistindo desenhos japoneses na Record e "Bambalalão" na TV Cultura (ah, Gigi!). Lembram disso?
Isso é - ou era - a TV.
TV digital é outra coisa. Titio McLuhan já dizia que os efeitos da TV decorrem de sua imagem fragmentada, imagem-mosaico, ou seja, da tecnologia (forma, não conteúdo, é o que importa). Já a TV digital tem uma imagem que faz seu parente mais próximo ser a fotografia ou o cinema. McLuhan foi claro a respeito disso em Understanding Media (pp. 351-352 da ed. brasileira):
A imagem do filme apresenta muitos milhões mais de dados por segundo, e o espectador não tem de reduzí-los drasticamente para formar sua impressão. Ao contrário, tende a aceitar a imagem integral, como uma entrega já encaixotada. Em contraste, o espectador do mosaico TV, com o controle técnico da imagem, inconscientemente reconfigura os pontos numa obra de arte abstrata, que se aproxima das estruturas de Seurat e Rouault. Se alguém perguntasse se tudo isso não mudaria, caso a tecnologia acelerasse o caráter da imagem da TV até aproximá-la do nível de dados-informação do cinema, bastaria responder com a pergunta: "Podemos alterar uma caricatura, acrescentando detalhes de perspectiva, de luz e sombras?". A resposta é "Sim" - só que não seria mais uma caricatura. Nem a TV "aperfeiçoada" seria mais televisão.
Então não é TV? É e não é (putz!).
O que muda
A TV digital tem estréia marcada no Brasil para dia 2 de dezembro em São Paulo. Na semana passada, começou a ser veiculada a campanha do governo. E, afinal de contas, o que muda:
- Qualidade de som e imagem. A imagem da TV analógica tem proporção 4:3 (relação largura/altura), enquanto a digital é 16:9, como a tela do cinema. Já o som, que já foi mono e estéreo (dois canais, como nas antigas caixas de aparelhos de som), será surround, com até seis canais.
- Adeus ao bombril: o sinal da TV digital pega ou não pega, do mesmo modo que na TV por assinatura - que é digital mas não é ainda HDTV (High Definition Television). O liquidificador da mamãe não vai mais impedir a gente de assistir "Zé Colméia"!
- Variedade na programação: o modelo vai permitir dividir a tela para ver ângulos diferentes da cena ou assistir mais de um programa ao mesmo tempo.
- Fim dos horários marcados: será possível gravar programas para assistir na hora que der na telha. Não precisaremos mais nos reunir às 2oh15 na frente da TV para o encontro com William Bonner e Fátima Bernardes.
- Interatividade: leia-se "comprar coisas inúteis até estourar o cartão de crédito e ajudar as TVs a contarem acesso para faturamento com publicidade". Não é só isso. Desculpem, estou num humor do capeta.
- Mais opções de canais de TV aberta: hum... essa eu quero ver.
- Mobilidade: a nova técnica vai possibilitar assistir TV no notebook, palm, celular, carro e até na porta da sua geladeira, dependendo do grau avançado de sua insanidade.
Admirável Mundo Novo
Mas não se animem muito que a gostosa é TRAVECO!
O mundo digital tem um preço. São R$ 700 paus pelo aparelho conversor (set-top box). E, caso você seja um desses neoludistas que não tem nem email e se recusa a comprar uma TV nova a prestação nas Casas Bahia, vai voltar à era paleozóica em 2016. Essa é a data de morte da TV analógica brasileira, decretada pelo governo.
Em segundo lugar, é tudo maquiagem. Por enquanto, parece que os benefícios ficarão restritos ao primeiro item - qualidade de imagem e som -, pelo menos por enquanto.
E, por último, ao que tudo indica, teremos o mesmo ócio da TV aberta brasileira. "Bem amigos da Rede Globo!"
E o Kiko?
Mas agora eu te pergunto: quem quer TV digital? Confesso que adoro TV, principalmente de ver filmes e reprises de seriados de madrugada. Mas quando assisto TV, quero ser, com perdão da palavra, receptor passivo. Não quero saber de interatividade! Quero tomar cerveja e comer pizza vendo mulher pelada. Só isso.
Quando quero sair dessa condição bestial, vou pra frente do PC atualizar blog e fuçar no YouTube. Tudo ao mesmo tempo.
O YouTube foi a grande novidade em termos de vídeos. Nos tirou do sofá e jogou no mundo da comunicação, da web social. Não canso de dizer, não existe essa de 'fim do jornal, fim da TV, etc'. São hábitos que mudam. É uma visão pragmática de mídias que venho amadurecendo nos blogs, contando com a paciência de alguns amigos.
Alfabetização em mídias
São somente alguns tópicos para discussão. Ainda é cedo pra fazer análises. Existem outros formatos em teste, como o Joost e a IPTV. Vamos esperar pra ver.
A importância disso tudo é pensar modelos de negócios, gestão e publicidade. O conteúdo terá que ser adaptado, como no caso das novelas e da publicidade, que deve investir no merchandising.
Mas uma coisa é urgente. Somos ainda semi-analfabetos em mídias.
Saravá!
Mas não se animem muito que a gostosa é TRAVECO!
O mundo digital tem um preço. São R$ 700 paus pelo aparelho conversor (set-top box). E, caso você seja um desses neoludistas que não tem nem email e se recusa a comprar uma TV nova a prestação nas Casas Bahia, vai voltar à era paleozóica em 2016. Essa é a data de morte da TV analógica brasileira, decretada pelo governo.
Em segundo lugar, é tudo maquiagem. Por enquanto, parece que os benefícios ficarão restritos ao primeiro item - qualidade de imagem e som -, pelo menos por enquanto.
E, por último, ao que tudo indica, teremos o mesmo ócio da TV aberta brasileira. "Bem amigos da Rede Globo!"
E o Kiko?
Mas agora eu te pergunto: quem quer TV digital? Confesso que adoro TV, principalmente de ver filmes e reprises de seriados de madrugada. Mas quando assisto TV, quero ser, com perdão da palavra, receptor passivo. Não quero saber de interatividade! Quero tomar cerveja e comer pizza vendo mulher pelada. Só isso.
Quando quero sair dessa condição bestial, vou pra frente do PC atualizar blog e fuçar no YouTube. Tudo ao mesmo tempo.
O YouTube foi a grande novidade em termos de vídeos. Nos tirou do sofá e jogou no mundo da comunicação, da web social. Não canso de dizer, não existe essa de 'fim do jornal, fim da TV, etc'. São hábitos que mudam. É uma visão pragmática de mídias que venho amadurecendo nos blogs, contando com a paciência de alguns amigos.
Alfabetização em mídias
São somente alguns tópicos para discussão. Ainda é cedo pra fazer análises. Existem outros formatos em teste, como o Joost e a IPTV. Vamos esperar pra ver.
A importância disso tudo é pensar modelos de negócios, gestão e publicidade. O conteúdo terá que ser adaptado, como no caso das novelas e da publicidade, que deve investir no merchandising.
Mas uma coisa é urgente. Somos ainda semi-analfabetos em mídias.
Saravá!